O Outro Paracleto

Carlos Henrique de Paula
Lecionário
Published in
3 min readMay 19, 2017

--

Insights sobre o Evangelho no 6º Domingo da Páscoa

O antigo e ainda relevante Catecismo de Heidelberg, logo em seu início
pergunta: — Qual é o seu único consolo na vida e na morte? — Com isso
nos injeta algo compassivo e pastoral, dentro da sua bela resposta encontramos o trecho que diz “não pertenço a mim mesmo, mas ao meu fiel Salvador, Jesus Cristo, que com seu próprio sangue, pagou totalmente pelos meus pecados e me libertou completamente do poder do diabo, e assim ele me preserva… Pelo seu Espírito Santo ele também me garante a vida eterna e me torna sinceramente disposto a viver para
ele daqui em diante”.

No próximo domingo, muitas comunidades cristãs terão o privilégio de
se consolarem e se exortaram com as palavras de Jesus no Evangelho de
João 14: 16–21. Jesus disse que rogaria ao Pai e ele nos daria outro
Consolador (Paracleto) para que fique para sempre conosco. Paracleto,
às vezes traduzido como Consolador, ora como Advogado, mas também pode ser entendido como “Assistente”, “Ajudador” e até mesmo “Encorajador”. Dessa vez Jesus o descreve como o “outro Paracleto”. Há um ar de sagrado mistério aqui, bem condizente com o discreto Espírito Eterno apresentado em boa parte da narrativa bíblica; Espírito que é um com o Pai e também com Filho. Jesus começa a desvendar a proximidade do cumprimento da promessa do “Consolador”, a característica discrição do Espírito, seria logo substituída por um extravagante derramar de sua majestosa presença no dia de Pentecostes, derramar este que foi um poço aberto no chão da história da igreja e do mundo, donde uma corrente incessante começou a brotar, formando um rio que se derrama no mundo, donde bebemos água cristalina até os dias de hoje em todos os lugares onde a igreja está.

Outro detalhe, que é de um poder consolador absurdo, pode ser observado quando nos lembramos que 1 João nos diz que temos um advogado (Paracleto) junto ao Pai, a saber Cristo. Ocorre que Jesus no evangelho de João nos promete outro Paracleto. Somos capacitados a entender que Jesus é o Advogado que coloca em cheque toda a eventual imagem deturpada de um advogado, seu “honorário” é honrar o Pai e ver seus irmãos o amarem e obedecerem seus mandamentos, e mais do que isso, o conselho da Trindade não deixa com que nossa defesa seja feita exclusivamente por Jesus, desde que Cristo ascende ao céu, à direita de Deus Pai donde há de vir julgar os vivos e os mortos, ele ocupa uma posição de honra e de trabalho. Jesus continua a interceder por nós. Ao mesmo tempo, Jesus em sua carne nos garante que estaremos lá em carne, porquanto na Ascensão Cristo nos permite experimentar com plenitude o favor do outro Paracleto, o outro Advogado, que vive em nós e nos faz o favor de sempre nos lembrar que seu “sócio” na empreitada de nos defender levou tanto a sério sua função que deu sua via para que os réus pudessem ser absolvidos da condenação, nosso fiel Advogado Salvador, com seu próprio sangue, pagou totalmente pelos nossos pecados. Que consolo na vida e na morte! Que alegria! Receba esta notificação do Espírito Santo.

† Carlão.

--

--